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ELA AINDA VIVE EM NOSSOS CORAÇÕES



E ela se afastou de mansinho levando consigo a doçura de seu sorriso e a serenidade de seu olhar. O céu de azul escancarado daquela quinta-feira de abril a acolhia na sua morada eterna. Sim, a Waninha foi morar com Deus. Não há outro lugar senão este, reservado para quem é iluminada, espalhando sua luz poderosa ao seu redor, como se carregasse consigo um pedaço do sol, conduzindo calor e alegria por onde passava. 

Minha irmãzinha teve uma infância radiante, muito querida em casa e pelos amigos da vizinhança. Gostava de boneca, como as meninas de sua época e tinha dotes artísticos, inclusive para música, servindo-se da sanfona do pai Adão, para dedilhar algumas melodias. Eu gostava de lhe passar algumas dicas, pois havia aprendido com um professor de muito reconhecimento, as lições musicais, incluindo o acordeão, a nossa sanfona.

Era destaque na escola, em todos os níveis, chegando ao cargo de professora e é lembrada até hoje por ex-alunos, pelo seu desempenho, muita capacidade e senso de bom humor. Era super bem humorada. Sempre foi risonha, extrovertida e angariou, por isso mesmo, a simpatia de todos. Era destaque nas comemorações do natal, de fim de ano,  em novenas, nas nossas pamonhadas, nos aniversários, no teatro, que ela adorava e era a animadora maior, enfim, em todas as festas, entusiasmando a todos e transformando em muita alegria aqueles acontecimentos, que se tornaram memoráveis.  

Há alguns anos, lutava contra uma enfermidade devastadora e, por vezes, tinha que encarar tratamentos medicamentosos e sessões, que a levavam a situações difíceis e dolorosas. Mesmo assim, diante de tantas tribulações, não baixava a guarda e enfrentava tudo de frente, com otimismo e até brincava com a situação.

Por mais desafiadoras que fossem as dificuldades, ela tinha a convicção de que poderia superá-las com persistência e a força divina interior. Mantinha sempre elevado o otimismo na vida, tendo plantado boas sementes de paz e amor, vivendo em harmonia com sua consciência e auxiliando os outros ao máximo.

Sua mansidão e serenidade conquistaram os nossos corações e nos inspiraram a sermos melhores a cada dia. A sua bondade e compaixão são exemplos a serem seguidos, por quem deseja uma vida melhor.

Ela Viveu plenamente cada momento na Terra para agradar a Deus, e a sua luz continuará a brilhar entre nós. Ela veio ao mundo para honrar a Deus, vivendo intensamente cada momento com seu brilho, e continuará vivendo em nossos corações.

Ela honrou com louvor todos os compromissos terrenos como: filha, irmã, esposa, mãe, educadora, tia, cunhada, avó, madrinha e amiga...  e agora, sua jornada continua para além da vida terrena. Seu legado de amor, gentileza e generosidade continuará a inspirar aqueles que tiveram a sorte de cruzar seu caminho. Que sua luz brilhe eternamente, guiando-nos com sua sabedoria e amor incondicional.

Desde sua ascensão para a glória de Deus, sentimos sua falta e uma saudade imensa. As  suas recorrentes gargalhadas permanecerão para sempre em nossas memórias e ecoarão por toda eternidade.

Ela seguiu o seu caminho, na Glória de Deus e não morrerá enquanto permanecer viva nos nossos corações.

(Em memória à Wânia Maria de Sousa Amorim, minha irmã, falecida aos 73 anos de idade, no dia 25 de abril de 2024. Agradeço à Maria Júlia Teles Gomes, responsável por grande parte deste texto)

Rodovia abandonada



Quem pega a estrada sabe que está correndo um risco tremendo pelo péssimo estado das rodovias, sem querer generalizar, claro, pois não conheço todos os caminhos desse gigantesco Brasil.

A abordagem aqui é, sem rodeios, pois não dá para tolerar mais, tamanho abandono da BR 365, importante via de ligação do sul-sudeste com o norte e principalmente com o nordeste brasileiro.

Você poderá dizer que com esse período chuvoso aqui no sudeste (estamos em janeiro de 2023), com muitas ocorrências de transbordamento de rios, deslizamentos nas encostas e trânsito acentuado pelas férias escolares, a recuperação de estradas seria inviável.

No entanto, os buracos não são de agora. Eles só aumentaram de tamanho desde quando surgiram há meses, em período de estiagem, que seria o ideal para colocar a pista de rolamento em perfeitas condições.

Mas, mesmo assim, quem poderia fazê-lo não cumpriu com a sua obrigação. É um dever do gestor de cuidar da segurança das estradas, de promover a devida manutenção, em respeito ao contribuinte e ao bem-estar do cidadão.

Disseram-me que a rodovia, embora federal, deveria ter a manutenção estadual. Deveria. Só que isso não ocorre.

Enquanto isso, cresce o número de ocorrências, com acidentes que têm tudo a ver com o estado deplorável da pista, com registro de mortes e feridos, além de danos materiais.  

No ano passado, na campanha eleitoral, ouvi muito discurso por aí, em que candidatos prometiam soluções para todos os problemas, como é de praxe, inclusive citando essa sinistra rodovia. Falava-se em agilizar a manutenção e até duplicação da pista, considerando o tráfego intenso de veículos leves e pesados.

Infelizmente eram discursos eleitoreiros. Tanto é que, passadas as eleições, ninguém mais falou mais nada, ou seja, voltamos à estaca zero, da rodovia abandonada, sem pai e mãe, com seus perigos iminentes e seus buracos colossais.

Felizmente concluí minha viagem muito bem, apesar de tudo, mas preocupado com novas vidas que podem ser ceifadas como outras que utilizavam o mesmo caminho, nessa rota da desdita.

Metas para o ano novo



Normalmente a virada do ano provoca em nós aquele propósito de desejar que alguma ação concreta possa ser assumida e que se transforme em projeto de mudança de atitude para começar imediatamente no 1º de janeiro, como um novo caminho a ser trilhado.
 
O que se pretende, no geral, é uma forma diferente de encarar a vida, uma mudança de paradigmas, algo como direcionar os nossos anseios em busca de sucesso nesta nova etapa que se inaugura.

Considero esse desejo como uma ação benéfica, pois denota que não andamos satisfeitos com o que estamos entregando, no sentido dos relacionamentos afetivos, cuidados com a saúde física, os pensamentos e o nosso rendimento nas atividades diárias.

Conversando com pessoas, pude constatar que algumas delas conseguem pagar essa “dívida”, pelo menos em parte. A argumentação é que, pela animação da festa da passagem do ano, algumas promessas são postergadas e outras até ignoradas, principalmente aquelas que dizem respeito às dietas para emagrecimento. Muitas caminhadas e até a frequência em academias, que foram imaginadas, ficaram mesmo só no blá-blá-blá da empolgação.

Quanto a mim, as metas estão estabelecidas e, na realidade não são poucas. Do ano que passou, algumas foram abandonadas e outras adiadas para serem colocadas em prática agora. O importante é não parar no tempo e ter coisas para fazer, priorizando o mais importante, sem pressa ou obrigação para fazer tudo, porém estimulando ações para transformar a nossa rotina.     

O importante é vivermos cada momento da vida da melhor maneira possível, espalhando gentileza e sorriso, com paciência e tolerância, para receber gestos de felicidade inesperados.

Estabeleçamos as nossas metas! E Feliz 2023!

Eterno Rei Pelé

 

“O Edson morre, mas Pelé, não”, disse certa vez o Rei durante uma entrevista. E não há o que contestar. Pelé não morre. A sua história está perpetuada e suas conquistas fizeram toda a diferença, junto aos amantes do futebol, não só do Brasil como do mundo inteiro. Tornou-se a figura mais conhecida do Brasil no exterior. O mineiro de Três Corações não foi um simples craque de bola. Era diferenciado, uma habilidade inigualável, tornando fáceis jogadas que para outro atleta seriam complicadas de realizar.

O nome Pelé se tornou sinônimo de tudo aquilo que é bom, que é o melhor. O grande piloto é chamado de “pelé das pistas”. Se é um campeão no boxe, é o “pelé dos ringues”. E por aí, vai.

Como dizia Waldir Amaral, famoso narrador na época, com os seus bordões criativos, Pelé era “o Deus de todos os Estádios”. Outro grande narrador, inesquecível, que marcou espaço com o seu vozeirão, o mineiro de Caxambu, Jorge Cury, que vibrava como ninguém com mais um gol do garoto que encantava multidões.

Falando sobre isso, não tive essa felicidade de narrar um gol de Pelé. Ainda iniciante na carreira de narrador esportivo, as oportunidades não foram muitas para que isso acontecesse. Ainda assim, desde cedo me interessava em acompanhar pelo rádio, inicialmente e depois pela TV, a passagem destacada pelo mundo da bola, desse jogador genial.

Boas lembranças ficaram. O primeiro gol de Pelé com a camisa da Seleção, na Suécia, em 1958, diante de País de Gales é uma delas. A matada de bola no peito, chapeuzinho no adversário e sem deixar a bola tocar na grama, o toque perfeito no cantinho direito do goleiro. Maravilhoso!

O milésimo gol no Maracanã, o toque perfeito no gol mais emblemático marcado de penalidade máxima. Jamais poderia esquecer aquele 19 de novembro de 1969. Pelo radinho de pilha, ouvindo Doalcey Bueno de Camargo, com o seu tradicional “disparooouuuuu..... gooooooooollllll, de Pelé”.  

Para relembrar capítulos da história de Pelé, temos que destacar a Copa de 1970, no México. A Seleção brasileira chegava com moral, apesar de não ter vencido quatro anos antes na Inglaterra, mas já possuía o bicampeonato, conquistando a “Jules Rimet” em 1958 na Suécia e 1962, no Chile. No México, o material humano à disposição de Zagalo era extraordinário. O resultado não poderia ser diferente. Tinha mesmo que ser campeão. Para mim, a melhor seleção brasileira de todos os tempos: Rivelino, Tostão, Gerson, Jairzinho, Clodoaldo e todos aqueles outros craques no mesmo time e, lógico, incluindo a cereja do bolo, o Rei Pelé. Não tinha prá ninguém!

Registro aqui também, o grande dia em que pude, enfim, acompanhar de perto, das arquibancadas, uma partida da Seleção Brasileira, com o eterno Pelé em campo, contra o Atlético Mineiro, em Belo-Horizonte, no Mineirão, Estádio que comemorava os seus quatro anos de existência, em 1969. Lembro-me bem daquele 3 de setembro. Eu e mais 71 mil 532 pessoas, testemunhamos o gol de Pelé, numa noite em que a seleção perdeu por 2x1, mas com gol “dele”, em plena forma, a um ano antes de conquistar o Tricampeonato.

O mundo todo demonstra os sentimentos pela perda de Edson Arantes do Nascimento (23out1940 – 29dez2022) e, ao mesmo tempo, reverencia a trajetória de sucesso, daquele que conseguiu parar uma guerra, tornou o Brasil mais conhecido, inspirou carreiras de outros craques e arrancou aplausos até de torcedores adversários, pelas suas jogadas mirabolantes e gols memoráveis. Este é Pelé: o Rei do futebol!

(Adamar Gomes - 31DEZ2022)


Thor Benfor

             


            Nunca pensei que um dia teria um cachorrinho em casa. Aconteceu. Fomos buscá-lo numa cidade próxima. O shitzu chegou com poucos meses de vida, um presente para o caçula, na festa dos seus sete anos. No seu registro, um pomposo nome, Thor Benfor. Só faltou o CPF. Thor na mitologia nórdica é Deus dos trovões, relâmpagos e tempestades, ironicamente tudo o que o nosso Thor não tolera. É um incômodo só, que o faz baixar o rabinho e iniciar a tremedeira.

    Sabe-se que os cães sofrem muito com barulhos, por possuírem uma audição muito mais aguçada e sensível que a nossa. Pelo menos os foguetes deveriam sofrer um controle maior. Acho que incomoda a todos.

    O Thor é muito esperto e acompanha todos os movimentos das pessoas na casa. Quando alguém se ausenta, ele o espera junto à porta. Se é por muito tempo, como em viagens, ele fica incomodado. E há duas palavrinhas sagradas que ele adora ouvir, “comer” e “passear”.

    A movimentação da língua, abrindo e fechando a boca, é a tradução de “estou com fome, pô”. E quando o convite é para passear, logo fixa o olhar para a guia, como quem diz “vamos lá, tá na hora!”.

    A caminhada faz um bem danado. Melhora a circulação, dá eficiência aos pulmões, a sensação de bem-estar é visível e areja os pensamentos. Eu gosto e ele adora e se diverte bastante, chegando a ensaiar uma corridinha. É tudo de bom.

    É raro ouvir o seu latido. A única vez que faz isso é quando ouve o barulho do portão, indicando que alguém está chegando. Assim que cessa a curiosidade, silencia-se novamente.

    E para dormir não faz cerimônia. É só oferecer-lhe o colchãozinho e o carinha dorme em qualquer canto. Como dizem as meninas do banho e tosa: “ele é muito bonzinho!”.

    Agora, me permitam, porque o rapazinho está cobrando seu lanchinho da noite e não vamos deixá-lo esperando, né!...

Monjolinho de Muitos Tons

      


         
Recebi um inédito convite para prefaciar uma obra literária, um livro de história, que conta a saga de um povo ordeiro e religioso de um lugarejo muito querido, chamado Monjolinho de Minas. Agora estou ansioso para o lançamento de "Monjolinho de Muitos Tons", de Antonio Coelho Moreira.

        Conheço o Antonio há bastante tempo, desde os seus estudos no Ginásio Kennedy, cursando a sétima série do ginasial, como se dizia na época, em que eu exercia a dura e difícil missão de professor. Ele se destacava como um aluno responsável e cumpridor de suas obrigações com as tarefas diárias, muito interessado, tanto é que seguiu caminho, passando pelo Unipam e, depois, em São Paulo, com a graduação em Ciências Humanas e Geografia e pós-graduação em educação de Jovens e Adultos, o que lhe concedeu uma base sólida para exercer com mestria, suas funções como Professor titular das Redes municipal e estadual de São Paulo.

        É notória a sua paixão pelos livros, que o levou a publicar poesias em três antologias na década de 1980. Recentemente me presenteou com a sua publicação de 2019, o livro autoral “Intemporal – Fora do Domínio do Tempo”.

        Nascido na zona rural de Cabeceira do Monjolinho conhece como ninguém o jeito simples das pessoas do interior, o amor pela terra, o respeito à natureza e a preocupação em preservar os bons costumes e a história. Tudo isso vamos encontrar nesta obra grandiosa.

        Prefaciar um livro não é uma tarefa fácil e, ao mesmo tempo, é de muita responsabilidade, porém tem lá suas vantagens. Uma delas é a primazia de conhecer a obra antes do seu lançamento, reconhecer o labor intenso do historiador e o compromisso no relato dos fatos, agora eternizados. Quando convidado, senti-me bastante honrado pela lembrança e espero cumprir a missão a mim confiada. Minha gratidão!

        Se “Os livros são o tesouro precioso do mundo e a digna herança das gerações e nações” (Henry David Thoreau), podemos afirmar que essa obra é uma preciosa lembrança, de pessoas e gerações, que superaram todos os contratempos, encararam os desafios mais espinhosos, para criar a comunidade de Monjolinho, marcada com a Cruz abençoada.

        O autor nos impressiona positivamente, com a qualidade de sua narrativa, a fidelidade para com as informações e as frases impregnadas de muita sensibilidade. O amor está presente no encadeamento dos fatos, transmitindo credibilidade, muita energia e luz.

        Está explícita na obra, a condição básica exigida de um historiador, ou seja, o compromisso com a verdade, materializado nas várias entrevistas, com o objetivo de compilar o maior número possível de informações, reunidas em um documento histórico, pronto para o deleite do leitor.

        Antonio Coelho Moreira, além da apresentação dos fatos, preocupou-se com a linguagem visual, publicando um acervo de fotos, autênticos registros históricos, aumentando a nossa admiração pelo seu trabalho.

        Imagino este livro manuseado por crianças e adultos, de qualquer parte do mundo, especialmente em Monjolinho de Minas, onde terá, com absoluta certeza, um local de destaque nas bibliotecas escolares. E fará um bem enorme, aos que desejam conhecer uma história de várias décadas e preservar valores.

        Os livros podem ser divididos em dois grupos: aqueles do momento e aqueles de sempre.” (John Ruskin). Monjolinho de Muitos Tons não é um livro de momento. Ele ficará para sempre, como uma fonte inigualável de consulta, com os seus registros históricos fascinantes, que testemunham a fé a esperança de um povo laborioso.

Parabéns, craque Zé Borges!


José Borges de Souza (Zé Borges), está aniversariando nesse dia 14 de outubro. Um pouco da história desse verdadeiro craque de futebol.

Zé Borges foi desses zagueiros clássicos, que parava o adversário na categoria e, na maioria das vezes sem utilizar do expediente da falta. Conhecia como ninguém os atalhos para disputar uma jogada. Foi um dos craques do centenário de Patos de Minas e recebeu essa justa homenagem, em um evento realizado no Caiçaras Country Clube em 1992, nos 100 anos de Patos de Minas.

O zagueiro apareceu para o futebol na URT, na década de 60 e foi negociado com o Renascença em 1963, clube que disputou o Campeonato Mineiro entre 1959 a 1966. Jogava no Estádio dos Eucaliptos da Fábrica de Tecidos do Renascença. Lá teve a oportunidade de atuar no mesmo time que tinha outro astro do futebol, Wilson Piazza.

De BH, o habilidoso zagueiro foi negociado com o Valeriodoce de Itabira, sagrando-se campeão mineiro da segunda divisão. Deixou seu nome gravado na terra do poeta Drummond. O seu próximo destino foi o Uberlândia em 1971 e, pela mesma forma, mostrou toda a sua categoria como jogador e fazendo inúmeros amigos.

José Borges de Souza mais conhecido no seio familiar como “Cascudinho”, vestiu a camisa do Villa Nova por um curto espaço de tempo e entrou para a galeria dos destaques do Leão do Bonfim, sendo incluído na enciclopédia do jornalista Wagner Augusto Álvares de Freitas. Depois disso, ele retornou ao Uberlândia, pendurando as chuteiras na União Recreativa dos Trabalhadores, a URT.

Zé Borges continuou no mundo da bola, como supervisor, no Uberlândia, Valeriodoce, Ipiranga de Manhuaçu e América Mineiro. Aposentou-se em 2001, disposto a não mais trabalhar no futebol.

No entanto em 2009, aceitou convite para participar da montagem do time do Mamoré, que estava retornando as atividades, depois da mudança do Waldomiro Pereira para o Estádio Bernardo Rubinger de Queiroz e faturou de forma invicta no Campeonato Mineiro da Segunda Divisão.

Zé Borges reside em Patos de Minas, e fala com muito carinho de sua esposa Cidinha e dos filhos Simone e Adriano. É uma pessoa queridíssima, muito família e amigo de todos. Possui em sua casa, inúmeras fotos, para matar a saudade das camisas que vestiu e de antigos companheiros e amigos.

Nos seus guardados há muitos trofeus e medalhas, além de placas e cartões de homenagens e inúmeros recordes de jornais, que registraram a sua passagem pelo futebol.

Com muito carinho, Zé Borges guarda sua maior relíquia: a bola do jogo entre Seleção Mineira e Santos Futebol Clube. Atuando pela Seleção, Zé Borges marcou Pelé sem cometer uma falta sequer. No fim do jogo, o Rei do Futebol tomou a bola e a deu de presente ao nosso craque zagueiro. Isso é para poucos!

Parabéns, Zé Borges! Muitos anos de vida!


Monóculo


             Escarafunchando meus guardados, deparei-me com algumas raridades como o monóculo de fotografia que, não deve ser novidade para os mais maduros. Para os mais jovens, no entanto, cabe uma explicação do que seja essa peça de museu, bem diferente do monóculo de luneta profissional, que será a primeira coisa que você vai localizar na internet. Portanto, favor não confundir alhos com bugalhos.

Em formato cônico, esse nosso monóculo, hoje em desuso, é uma peça de material plástico e possui uma lente de aumento em uma de suas extremidades. No outro lado está fixada a imagem de um filme fotográfico.

Não são raros os casos de fotógrafos que faturavam uma graninha abençoada, sobretudo em locais turísticos, por meio dessas fotos instantâneas de casais enamorados, crianças sapecas, velhinhos bem humorados, que levavam para seus lares, um suvenir para rememorarem os doces momentos daquele passeio.

Nos meus guardados sobraram dois desses monóculos, do tempo em que prestei o serviço militar. No primeiro, de farda engomada, coturno engraxado, cinto polido e quepe bem arrumado, apareço ao lado de dois primos, que também serviram no mesmo ano. E no outro, estou em um desfile, provavelmente de Sete de Setembro, tocando tarol, no comando da fanfarra.

E você? Tem uma recordação em monóculo?

Quem sabe com um belo rosto sorridente, emoldurado com lindas flores!
Ou o nascer do sol em praia de ondas serenas, inspiradoras!
Quem sabe, imagens de florestas, rios, oceanos, montanhas e todas as maravilhas da natureza!
Ou a sua carinha em um dia feliz e abençoado!

Joguei bola sim

            De vez em quando me perguntam:

- Você já jogou bola?

- Claro que sim, sem ter sido um craque, mas também não beirando a mediocridade de um caneludo. Já rolei minha bolinha sim!

Bom mesmo foi meu irmão Didi. Era um craque admirável, com talento reconhecido no futebol e só não foi mais longe para jogar em times grandes, porque não quis. Não faltou insistência do meu pai Adão e a força de um mundão de amigos. O cara foi um verdadeiro astro do nosso futebol amador. Jogando na meiuca, possuía o perfeito domínio de bola, tinha visão de jogo para construir jogadas e marcar gol. Fera mesmo.

Eu segui outro caminho, da crônica esportiva, fui trabalhar no rádio e escrever para jornais e sites. A bola era como um passatempo e perfeita como uma atividade recomendável para se manter a forma física. Acho que todo garoto (pelo menos a maioria) gosta de bater uma bolinha.

O período sério mesmo na minha “carreira” foi no infanto-juvenil do Tupi com o mestre Pepedro, responsável pela formação de inúmeros jovens no esporte bretão. Sabia tudo o professor. Era um paizão para nós. Tupi era o alvi-rubro “vingador” da Barão do Rio Branco, na minha cidade. Hoje, infelizmente, não existe mais e, no lugar do Estádio Walmir Gomes da Rocha, ergueu-se a regional da Cemig. Uma pena! Menos uma área de lazer na cidade. Um espaço a menos para os campinhos, que vão sendo ocupados por construções de toda a natureza, com o progresso da cidade.

No Tupi chegamos para ajudar a plantar a grama e jogar com a camisa sete com muita honra, ao lado de garotos bons de bola, alguns que brilharam mais tarde no futebol das gerais. Vida que segue.

Sem compromisso, nas chamadas peladinhas, dei meus chutes pelo time da Rádio, com os colegas, alguns de boa categoria e outros nem tanto, mas jogávamos com alegria. Visitávamos dezenas de comunidades rurais, realizando jogos e fazendo amizade, era o que mais importava. Havia os famosos embates por ocasião do aniversário da emissora, no mês de novembro, quase sempre debaixo de chuva.

Algumas partidas chegaram a ser hilariantes, quando tínhamos pela frente (por exemplo), o time dos Cem Quilos (só jogavam os verdadeiros gigantes acima desse peso) ou contra o time dos Baixinhos. Imagine só a cena! A galera ficava alucinada a cada jogada. Era garantia de espetáculo e de casa cheia.

Nos clubes recreativos, lembro-me bem quando botei uma medalha de ouro no peito como campeão pelo Varejão Central, no Clube Colina, em um torneio interno.

Só não foi melhor, porque voltei prá casa com o dedão da mão direita inchado, por uma bolada que levei, nada que o fisioterapeuta Vicente pudesse dar um jeito. O dedão ficou bom, a medalha dei de presente para a namorada e as chuteiras foram penduradas. Mas o futebol continua comigo, nos programas e nas narrações que faço, com muito prazer. Com muitos gritos de gooooooolllllllllll, bem mais que aqueles que consegui fazer em campo. Muito mais...

Uma nota só

O som entra pela minha janela

E vai tomando conta dos meus sentidos.

São acordes dissonantes do Samba de uma nota só.

 

A batida inconfundível, som requintado

Que mexe e faz balançar o corpo

No fascínio da combinação das notas musicais.

 

E reverberam as cordas mágicas do violão

Dedilhadas com habilidade e harmonia

A expressarem os sentimentos através do som.

Atividade prazerosa

             Desde pequenininho gosto de andar de bicicleta. É algo que se aprende e não se esquece. Pedalar é aquecer corpo e mente e renovar pensamentos. O guidom (ou guidão) é o leme para seguir adiante, com desejo de trilhar sempre um caminho renovado.

A minha primeira bicicleta era uma Hércules simples, que não possuía marchas, mas era forte o bastante, fazendo jus ao seu nome, para aguentar os solavancos e extravagâncias de se andar no barro, na poeira ou em caminhos pedregosos. Foi com ela que conquistei meu primeiro e único prêmio em corridas, um bonito aviãozinho de madeira, numa disputa acirrada com a galerinha da vizinhança.

O percurso de 20 voltas começava na Barão do Rio Branco e percorria todo o quarteirão, fechando na Barão. Um tumulto dos diabos na largada, com os oito animados concorrentes brigando para chegar à primeira curva na frente e só podia dar um bololô com a inevitável queda de dois deles, que ficaram à deriva e entregaram a rapadura, sem maiores problemas, a não ser pequenos arranhões.

Nada que pudesse estragar a festa de uma turma acostumada a esfolar os joelhos e a levar caneladas nas brincadeiras de correr e a prática do futebol na rua e outras peraltices ao ar livre, como a nossa corrida no quarteirão.

Lembro-me que na primeira volta, ocupava o terceiro lugar, com os desafiantes aglomerados, pau a pau. Assumi a ponta no fechamento da 11ª e fiquei todo serelepe ao ouvir o incentivo da galera, enchendo-me de entusiasmo, fazendo acreditar na vitória, que, de fato aconteceu. O aviãozinho ficou guardado por um bom tempo e desapareceu numa dessas mudanças. E a Hércules também se foi para dar lugar a uma Gorick, três marchas, substituída em 1993 pela Sundown, 18 marchas, que me leva até hoje.

Há quem goste de pedalar sem sair de casa nas hergométricas. Tudo bem, cada um tem suas preferências e suas limitações de horários, no corre-corre do dia a dia. Prefiro a forma natural, para curtir a natureza, sentir o vento e usufruir dos inúmeros benefícios oferecidos por uma boa prática esportiva, sob os cuidados médicos, evidentemente.

Transpiramos emoções e organizamos os nossos pensamentos ao pedalar. Encaramos descidas e subidas, como nos altos e baixos da vida e chegamos ao perfeito equilíbrio para dar serenidade e sermos donos do nosso destino.

E assim, na longeva Sundown, na fugaz Gorick e na Hércules que deixou saudade, andar de bicicleta é uma atividade prazerosa.


Caldo, quentão e canjica

        Mais um ano sem a festa na casa da Vanildinha, por conta da pandemia. O aniversário dela é em junho, no primeiro dia do inverno. E o cardápio é para ninguém botar defeito: caldo de frango, canjica e o tradicional quentão, que ficaram só na vontade, de novo.

        O caldo de frango é uma especialidade da casa, feito numa generosa panelona e servido com uma colher tamanho gigante, com opção de salsinha, cebolinha e pimenta, para quem os desejar.

        O quentão é uma obra do cunhado e posso garantir que levaria medalha de ouro em qualquer concurso desse tipo, com gengibre e canela, para esquentar o peito numa noite de inverno.

        Depois entra em campo, a inigualável canjica com amendoim, feita com mestria pela irmãzinha, para deixar a galera toda com cara de quero mais e, na torcida, para que no próximo ano, a pandemia seja coisa do passado.

        Houve quem sugerisse o funcionamento do sistema drive-thru, para que o caldo, o quentão e a canjica fossem distribuídos sobejamente, ideia abortada logo no início. Porque, se tudo isso é bom, o mais importante é estar livre do risco do vírus para promover um encontro de família, com abrações e beijinhos e, evidentemente, “vivas” à Vanildinha. E ao caldo, o quentão e a canjica, lógico.

Adamar Gomes - Junho 2021

Narrar uma partida de futebol


         O apito do árbitro determinava fim de jogo naquela tarde de junho de céu azul e temperatura amena. Iniciava-se o trabalho dos repórteres e depois os comentários finais para que fosse encerrada mais uma narração de futebol, a parte mais apaixonante da nossa missão de cronista esportivo, na minha opinião. É claro, que existem outras tarefas prazerosas na profissão, como a de produzir e apresentar programas, acompanhar o dia a dia dos clubes e das competições. Tudo isso é muito bacana, mas nada se compara ao contentamento e os desafios de uma transmissão esportiva.

         Primeiramente pela oportunidade que temos de entrar em contato com pessoas, bater “aquele” papo e responder aos questionamentos de torcedores sobre a situação das equipes litigantes, no desejo de arrancar de nós uma palavra sobre o time favorito, o que esperar da partida, coisas desse tipo.

         Quantas viagens por conta do futebol! A oportunidade de conhecer novas cidades e de retornar a outras que havíamos visitado. Fazer novas amizades, rever velhos companheiros e aumentar os nossos conhecimentos. Viagens dentro do estado, para estados vizinhos com nossa viatura de reportagem, vencendo distâncias e os nossos voos, para compromissos em cidades mais distantes.

         Ainda em livro pretendo contar algumas dessas andanças, incluindo Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Natal, João Pessoa, São Luis... e tantas outras. Continuemos com o nosso assunto, do prazer de narrar uma partida de futebol. Vamos lá!

         Aos estádios, chegamos bem cedo para a instalação de todo aparato técnico e os testes necessários para garantir uma boa qualidade sonora, primordial para cativar o ouvinte com o seu radinho de pilha e aqueles que acompanham em outras plataformas de mídia existentes. Com a internet, o nosso trabalho chega a qualquer parte do planeja. Que responsabilidade, hem!

         E quando a bola rola, como é gostoso acompanhar e descrever os lances, caprichar em todos os momentos, valorizando cada instante da partida, soltando a voz, colocando a emoção e chegando ao clímax na hora do gol. É o momento mágico do futebol, ainda mais quando é um golaço!

         “Achou... achou... achou o caminho do gol... é bola na rede!”

         Imagine você gritando o “gol” e sentindo a galera tresloucada na arena cheia, soltando o grito contagiante de alegria, mexendo com todos e, dando mais combustível ao narrador para arrematar com toda a força. “É golaaaaaaaaaaço!”. 

(Adamar Gomes - 4 jun 21)

Patos de Minas, 129 anos

             Patos de Minas chega aos seus 129 anos neste 24 de maio de 2021. Muitos se enganam ao dizer que são 129 anos de emancipação político-administrativa quando, na realidade esse fato ocorreu em 29 de fevereiro de 1868, quando então o Distrito de Santo Antônio dos Patos tornou-se Vila. O 24 de maio é a data em que a Vila foi elevada à condição de cidade, com o nome de Patos.

         É bom fazermos essa distinção para que não fiquem irritados os nossos historiadores, principalmente o grande e zeloso Professor Antônio de Oliveira Mello, que não suporta ver a história atropelada. A ele os nossos respeitos.

         A história conta que foi lá pelo século 18, que tropeiros que desbravavam o interior do país costumavam se abrigar em torno de uma grande lagoa povoada por patos e, com o passar do tempo, construíam os seus ranchos e depois, casas.

         Em meados do século 19, surgia a primeira fazenda, do casal Antônio da Silva Guerra e Luiza Corrêa de Andrade, que doaram parte de suas terras para a construção da Igreja em homenagem a Santo Antônio, com o surgimento de uma vila em seu redor. O povoado passou a ser conhecido por Santo Antônio da Beira do Rio Paranaíba. Mais tarde, simplificado para Santo Antônio de Patos, ainda como distrito. Silva Guerra e Dona Luiza se transformaram mais tarde em nomes de ruas, que se cruzam no centro, a um quarteirão do bairro do Brasil.

A primeira capela naquelas terras foi construída entre 1831 e 1839, demolida na década de 1960, quando já existia a belíssima Catedral de Santo Antônio, um dos mais exuberantes cartões postais da cidade. Na praça da antiga igreja, foi erguido em 1992, o monumento ao Centenário da cidade, na conhecida praça Dom Eduardo.

         A cidade foi se desenvolvendo. As primeiras edificações formaram um povoado, depois Vila e Cidade em 1892, no dia 24 de maio, com o nome de Patos.

         Em 1943, o governo do Estado, a seu bel-prazer mudou o nome de Patos para Guaratinga, por força de uma lei Estadual. Guaratinga no vocábulo indígena tupi-guarany, significa “garça branca”. Curioso isso, né! Pelo que se conta, os patenses ficaram tão revoltados, que a decisão teve que ser revogada e foi quando a surgiu o nome de Patos de Minas. Segundo os historiadores, o “de Minas” veio para distinguir de Patos, da Paraíba. Só que aqui é “patense”, lá é “patoense”.

         Mas, voltemos à nossa Lagoa dos Patos que deu origem ao nome da cidade. Não se trata da Lagoa Grande, próximo ao Terminal Rodoviário ou da Lagoinha, no bairro do mesmo nome (estas ainda existem). A nossa Lagoa dos Patos não existe mais e foi ocupada por construções. Ela estava localizada no espaço entre as ruas Major Jerônimo e Avenida Paracatu, e ruas João da Rocha Filgueira e Padre Caldeira mais a Teófilo Otoni. Uma baixada que até hoje é sujeita a inundações em tempo de muita chuva.

         Esta é a minha cidade: Patos de Minas. Dos tropeiros que se abrigavam em torno de uma grande lagoa com números patos. Das primeiras habitações à cidade em 1892. Da pujança de seu progresso, da liderança regional, como cidade-polo do Alto-Paranaíba.

         Patos de Minas, nos versos de Ibraim Francisco de Oliveira, na canção interpretada por Celino (meu tio Tonico) e o Chiquito.

         “Às margens do Paranaíba
         Cidade querida
         é Patos de Minas.”

Mundo infectado

 Mundo infectado

De ações nefastas,

Guerras, opressões,

Violência, preconceitos.

 

E o flagelo internacional

Pânico geral da covid

População infectada

Consequências desastrosas.

 

O perigo se alastra

Avança ligeiro

Golpeia sem dó

Mata. Muitas mortes.

 

Impera a desobediência

Do uso da máscara

O álcool em gel

E do distanciamento.

 

Ouvidos se fecham

E covas se abrem

Para enterros solitários

E de velórios rápidos.

 

A sociedade subestima

Com empáfia desmedida

As autoridades fraquejam

Em momento crucial.  

 

A vacina chega minguada

Causa filas e fura-filas

E a pandemia não cessa

Inferniza a terra.


(15 MAI 21)

Um dia de estrada

 O dia nem amanheceu

Já estou na estrada

Para acelerar e vencer distâncias.

 

O sol aparece com apetite

Ilumina o caminho de volta

Para reluzir o dia todo.

 

Quando ele se esconder

Devo estar chegando

Sem cochilos e reclamações.

 

Dirigir na estrada é um regozijo

Desfrutando todos os momentos

Com o Braço firme ao volante.

 

Retas, curvas, sobe, desce

E o barulho do motor

Quebrando o silêncio.

 

A parada é rápida

Reabastecimento de carro e piloto

Para seguirem adiante.

 

Percorrer cada quilômetro

Com antenas ligadas

Para evitar contratempo.

 

A brisa da tarde se manifesta

O sol vai se despedindo

Em mais um dia de vencer distâncias.

 

Um dia de sol e estrada

E da recepção meiga na chegada

A incomparável doçura de seus beijos e abraços.

(Adamar Gomes - 10 MAI 21)

Foguete desgovernado

A lua e as estrelas são fontes de inspiração para quem escreve versos poéticos. Há um fascínio pelo espaço celeste e pela lua, satélite natural do planeta terra, em todas as suas fases. Mesmo para quem não recorre a elas para escrever, não pode deixar de admirar a grandeza de uma lua cheia, uma constelação estelar ou da passagem do cometa Halley, por exemplo.

Nos últimos dias, muito se observou o céu, mas o protagonismo não era da lua ou das estrelas ou mesmo de algum cometa. A mídia deu destaque e atraiu a atenção mundial para o foguete chinês, fora de controle que cairia na terra a qualquer momento. O dito cujo foi lançado no dia 29 de abril e, após gastar todo o seu combustível foi deixado para voar pelo espaço, até ser atraído à gravidade da Terra e cair em algum lugar.

            É bom que se diga que há milhares de objetos, que fazem parte do lixo espacial, frequentando a órbita do planeta e aumentando esse “cemitério”, que provoca colisões, resultando em milhares de fragmentos vagando, a esmo, pelo espaço.

            Estima-se que cerca de 330 milhões de objetos se encontram em órbita e acertam a Terra diariamente, embora sem muito alarde, devido ao seu tamanho. Outros causam perturbação ao nosso sossego, como esse foguetão de 22 toneladas, um dos maiores a atingir a terra.

            Mesmo que se divulgasse que não haveria tanto risco de um objeto desse cair na cabeça de alguém, não há garantia que isso não poderia ocorrer. Por outro lado, não haveria nada a fazer, diante do descontrole do referido artefato.

            E ele caiu...

            Sim. Ele caiu no mar, mais precisamente no Oceano Índico, a oeste das Maldivas, segundo o noticiário.

            Desta vez, sem problemas. Mas é bom lembrar que a órbita terrestre está repleta de centenas de milhares de pedaços de lixo não controlado, com tendência a aumentar, cabendo a quem de direito adotar medidas para colocar regras internacionais mais rígidas.

            E que o protagonismo no firmamento não seja de foguetes descontrolados, mas das inspiradoras Lua e estrelas.

(Adamar Gomes – 9 MAI 21)

A sua bênção, Mamãe!

            No domingo, na segunda, na terça... todo dia é dia das mães., merecedoras de todo carinho, afeto, amor, consideração e, principalmente, da nossa presença constante, mesmo depois de desmamados.

            No seio materno, na tenra idade e quando crianças e adolescentes, estamos grudadinhos com a nossa mãe, na barra da saia, tempo integral, consumindo todos os ensinamentos, que nos serão úteis para a vida inteira. É a fase do aprendizado. Época em que temos a oportunidade de, em todos os dias, beijar-lhe a mão e pedir: “Bénção, Mamãe”; e ouvir de volta: “Deus o abençoe, meu filho”. São palavras robustas e que ficam esculpidas em nossa memória infinitamente.

            Isso revela convivência saudável, crença religiosa e principalmente respeito ao próximo, que geram em nós uma intensa satisfação espiritual, preenchendo as nossas necessidades, que serão entendidas com mais clareza, de forma correta, quando estivermos abençoando nossos filhos e netos.

            Mesmo nessa nova etapa da vida, continuemos a dedicar o tempo necessário a quem nos deu à luz e nos criou, para uma boa conversa sobre o assunto que seja. Falar sobre a saúde, os negócios, ouvir rádio, assistir a bom filme ou programa de TV, falar sobre o calor, a chuva, contar causos de antigamente e falar sobre os acontecimentos nesse velho mundo de Deus.

            É o momento de escutar e acolher os conselhos e, logicamente, se fartar com as delícias preparadas por uma autêntica mestra na cozinha, digna de nota dez. Iguarias variadas, salgadas ou doces, com uma mestria incomparável. É a bacalhoada da sexta-feira santa, a sopa de legumes quentinha para os dias mais frios, o famoso bauru caprichado, sem contar o campeoníssimo, “petit carré”, meu doce preferido, que só ela sabia fazer e, por isso, ficará na lembrança eternamente.

            Há pouco mais de dois anos, ela seguiu para a sua nova morada, lá no céu, deixando exemplos formidáveis, de luta e trabalho, de uma mulher guerreira, muita fibra, admirável sabedoria, pensamentos modernos, um anjo bom, de paz, doçura e amor.

            Será sempre lembrada e homenageada, hoje e em todos os instantes. E, como faço em todos os dias, aqui também eu lhe peço solenemente: “Bênção, Mamãe!” e, com certeza, ela responderá: “Deus o abençoe, meu filho!”.

Adamar Gomes (9 MAI 2021)

Jogo das pamonhas

O Miguel subiu as escadarias da Rádio e desafiou o nosso time de futebol para um amistoso na sua comunidade de Capelinha. Desafio aceito na hora. Vamos lá! Afinal quem não gosta de bater uma bola numa manhã de domingo e confraternizar com os colegas e os carinhosos amigos, que nos ouvem diariamente.

O mais fácil era organizar a lista de “atletas”. Não faltava quem se oferecesse para entrar na lista de relacionados do nosso “esquadrão”, e participar de um futebol sadio, um delicioso momento de praticar esporte e fazer novas amizades. A semana toda foi de expectativa, com os microfones abertos para anunciar a partida, palpites sobre o placar, para esquentar o amistoso.

Enfim, chegou o domingo. Jogadores reunidos e a delegação em alguns carros particulares rumou para a localidade de Capelinha, que não ficava muito distante.

A nossa chegada para o jogo-festa foi mesmo uma festa. Uma recepção prá lá de carinhosa, gente que estava ligada em todos os dias na programação e que não conhecia todos os radialistas, pessoalmente, embora estes locutores estivessem presentes no dia a dia daquelas pessoas, pelas ondas mágicas do rádio.

Estamos falando do rádio de uns bons tempos atrás, ainda sem a internet, ou seja, sem a possibilidade de transmissão por vídeo e em sites que, atualmente mostram todas as informações de uma Emissora, como programação diária, noticiários e até fotos de seus comunicadores. 

Sem esses recursos, cabia ao ouvinte criar em sua mente a imagem do seu locutor preferido, julgando apenas pela voz. É bem curioso isso. Você imagina um tipo de pessoa e ela ali está neste momento, na sua frente, talvez bem diferente daquela que foi desenhada pela imaginação.

- Pensei que você fosse um morenão, bem forte, com esse seu vozeirão!

Dizia uma das moradoras ao nosso ponta-direita Francisco, que realmente possuía uma voz de trovão, mas era tão magrinho, que tinha o apelido de Chiquinho meio-quilo.

- Ô Zé! esqueceu o cabelo em casa????

Brincava outro, ao se dirigir ao nosso lateral-esquerdo José Eustáquio, que esbanjava uma carequinha daquelas, bem marcantes, embora o seu apelido fosse Zé do Cabelo. Vai entender, né!

Depois desse blá-blá-blá pré-jogo, vamos para a peleja, porque o bom mesmo é ver a bola rolando!

Nada disso! Espere aí...

Quando estávamos numa sala de aula de um grupo escolar, que era o nosso vestiário improvisado, iniciando os preparativos, eis que chega o Miguel com as pamonhas. E não eram poucas. Muitas pamonhas, em uma gamela lotada, na verdade um gamelão e aquele cheirinho delicioso, ainda mais a pamonha de doce com queijo, a minha preferida. E aí cabe a pergunta: Quem é que vai pensar em jogo numa hora dessas? É irresistível!

Por mais que se implorasse aos atletas para que não devorassem tanta pamonha assim, antes do jogo, esse pedido não encontraria eco. Naquele instante, a melhor jogada, era a de saborear a bendita pamonha. E olha que sobraram apenas as palhas.

E assim, com o bucho cheio, lá vai o time, pachorrento, pro campo de jogo. E que jogo!!! Dominado amplamente pela equipe local e não era para menos. Não me perguntem pelo placar. Só sei que perdemos feio. Exibição bisonha. Em termos de resultado para nós, a pamonha acabou sendo maldita.

A tática do Miguel, com o agrado das pamonhas, acabou dando resultado, que ele imaginava. E ninguém apelou à justiça desportiva ou comum. Valeu mesmo foi pela confraternização entre vencedores e perdedores, os pamonheiros. Foi uma linda manhã de domingo que vai ser lembrada pela tática infalível do espertinho do Miguel das Pamonhas, apelido que lhe coube perfeitamente ao final de toda essa história.

  

Olha a seta!

            Observo no trânsito e fico tiririca da vida, por alguns absurdos praticados por certos motoristas, que desconhecem, por exemplo, o momento de se utilizar a seta, essa alavanca grudada na coluna de direção dos veículos. Acredito que seja mais por descuido, desleixo, desatenção. Porém existem alguns “pilotos” por aí, que nem sabem da existência dela e acabam provocando acidentes e complicando a vida de outros usuários da via pública.

            O meu amigo Galeguinho, entregador do Mercadinho do João Abóbora, sabe muito bem o que é isso. Já levou uma fechada de um cara, numa caminhonete branca, tudo porque o da possante não deu a seta. Sobrou pro pobre do Galeguinho, que além de ter sua bicicleta danificada, ainda perdeu os mamões, peras, maçãs e mangas, que entregaria para a dona Matilde da Frutaria.  

            Como pedestre que sou, também ciclista e motorista, me deparo com essa geringonça todos os dias. Quem quiser conferir, é só ficar numa esquina dessas aí, na espreita e começar testemunhar as ocorrências. Além da bendita da seta, você vai constatar outras barbaridades, principalmente aqueles que falam ao celular, quando estão dirigindo, passam em alta velocidade, em desrespeito às regras de trânsito.

            Pensava que essas barbaridades aconteciam somente aqui na terrinha, mas não. Pode-se dizer que se trata de uma barbeiragem nacional, o que é profundamente lamentável.

            E o Galeguinho teve ajuda do seu patrão e, também da Dona Matilde, para os consertos necessários na sua bicicleta, para que a história terminasse bem, com esse gesto de solidariedade.

Vai chegar a hora

 Ainda vai chegar a hora

de botar o pé na estrada.
Para o banho de cachoeira
ou para as ondas serenas da praia.

Ainda vai chegar a hora
De agradecer pelo dom da vida,
com o joelho em terra
na casa da mãe Padroeira.

Ainda vai chegar a hora
de se livrar do vírus assustador;
o flagelo mundial
que isola as pessoas.

Ainda vai chegar a hora...

(2jan21)

Ano Novo

            Estamos no apagar das luzes de 2020, há exatamente um ano depois de descoberto o terrível coronavírus, que chegou espalhando terror pelo mundo afora, tomando as manchetes em todas as mídias e provocando um rebuliço imensurável, obrigando as pessoas a adotarem uma nova rotina, com todo o tipo de precaução para tentar diminuir o máximo possível, a possibilidade do contágio.  

            O ano fica marcado por essa guerra, que fez tombar um número assustador de pessoas, com registros diários de mortos e adoção de medidas para que essa estatística não fosse mais assustadora ainda. “Fique em casa”, “Use a máscara”, “Lave bem as mãos” e outros conselhos foram repassados à população, num apelo desesperado por conta da covid-19 que causou, e ainda causa, estragos que serão sentidos pelos próximos anos, no terreno da economia até a saúde, o bem mais precioso do ser humano.

            Pois bem. Vem aí o 2021!

            É o Ano Novo, que sempre provoca nas pessoas aquela sensação de uma virada nas nossas vidas, a esperança de dias melhores, os anseios de superação de dificuldades, enfim, um sentimento que tudo vai mudar para MELHOR.

            Sabemos que não basta uma virada de ano, uma mudança no calendário para que, como num passe de mágica, tudo se transforme de água para vinho. Para funcionar mesmo é preciso muito mais. Torna-se necessário que cada um aja com atitude positiva para que as transformações sejam alcançadas.

            Queira Deus que tenhamos força suficiente e muita energia para essa ação decisiva, rumo a um mundo melhor, de convivência sadia, de amizade, de amor, de gratidão e humildade e, principalmente, de desejos realizados.

            Feliz 2021! Acredite sempre!


Pedalando


Pedalando aqueço corpo e mente.
Renovo pensamentos,
Respiro desejos
De escolhas seguras.

O guidom é meu leme
Para seguir adiante,
Desejoso de trilhar sempre
Um caminho renovado.

No selim sou dono do destino
Para equilibrar as dificuldades e regozijos
Nos instantes de subidas e descidas,
Como nos altos e baixos da vida.

Domingo de sol


Repicam animados os sinos
da igreja dos Reis Magos do Brasil colônia.
Chamam os fieis para as orações de domingo,
no ponto mais elevado de Nova Almeida.

O sol imponente dá o ar de sua graça
reluzindo de forma intensa em toda a praça,
acentuando na natureza matizes de cores,
em harmonia com a candura do templo sagrado.

Lá do alto, o ensejo de admirar toda a paisagem,
cenário de inusitada exuberância,
destacando-se a praia de ondas serenas,
testemunhas de nosso amor.

O sol nos convida


Para a praia o sol nos convida
para usufruir do ar puro e formoso visual.
Um convite ao encantamento de
ondas serenas, sem estardalhaços.

Um privilégio contemplar
essas esplêndidas maravilhas,
lembranças imorredouras
desse fugaz instante de felicidade.

Para arrematar, petiscos e comidas típicas:
peroá, moqueca capixaba, aipim frito
e profusas iguarias apetitosas,
concebidas com esmero incomum.