O Miguel subiu as escadarias da Rádio e desafiou o nosso time de futebol para um amistoso na sua comunidade de Capelinha. Desafio aceito na hora. Vamos lá! Afinal quem não gosta de bater uma bola numa manhã de domingo e confraternizar com os colegas e os carinhosos amigos, que nos ouvem diariamente.
O
mais fácil era organizar a lista de “atletas”. Não faltava quem se oferecesse
para entrar na lista de relacionados do nosso “esquadrão”, e participar de um
futebol sadio, um delicioso momento de praticar esporte e fazer novas amizades.
A semana toda foi de expectativa, com os microfones abertos para anunciar a
partida, palpites sobre o placar, para esquentar o amistoso.
Enfim,
chegou o domingo. Jogadores reunidos e a delegação em alguns carros
particulares rumou para a localidade de Capelinha, que não ficava muito
distante.
A
nossa chegada para o jogo-festa foi mesmo uma festa. Uma recepção prá lá de
carinhosa, gente que estava ligada em todos os dias na programação e que não
conhecia todos os radialistas, pessoalmente, embora estes locutores estivessem
presentes no dia a dia daquelas pessoas, pelas ondas mágicas do rádio.
Estamos
falando do rádio de uns bons tempos atrás, ainda sem a internet, ou seja, sem a
possibilidade de transmissão por vídeo e em sites que, atualmente mostram todas
as informações de uma Emissora, como programação diária, noticiários e até
fotos de seus comunicadores.
Sem
esses recursos, cabia ao ouvinte criar em sua mente a imagem do seu locutor
preferido, julgando apenas pela voz. É bem curioso isso. Você imagina um tipo
de pessoa e ela ali está neste momento, na sua frente, talvez bem diferente
daquela que foi desenhada pela imaginação.
-
Pensei que você fosse um morenão, bem forte, com esse seu vozeirão!
Dizia
uma das moradoras ao nosso ponta-direita Francisco, que realmente possuía uma
voz de trovão, mas era tão magrinho, que tinha o apelido de Chiquinho
meio-quilo.
-
Ô Zé! esqueceu o
cabelo em casa????
Brincava
outro, ao se dirigir ao nosso lateral-esquerdo José Eustáquio, que esbanjava
uma carequinha daquelas, bem marcantes, embora o seu apelido fosse Zé do Cabelo.
Vai entender, né!
Depois
desse blá-blá-blá pré-jogo, vamos para a peleja, porque o bom mesmo é ver a
bola rolando!
Nada
disso! Espere aí...
Quando
estávamos numa sala de aula de um grupo escolar, que era o nosso vestiário
improvisado, iniciando os preparativos, eis que chega o Miguel com as pamonhas.
E não eram poucas. Muitas pamonhas, em uma gamela lotada, na verdade um gamelão
e aquele cheirinho delicioso, ainda mais a pamonha de doce com queijo, a minha
preferida. E aí cabe a pergunta: Quem é que vai pensar em jogo numa hora
dessas? É irresistível!
Por
mais que se implorasse aos atletas para que não devorassem tanta pamonha assim,
antes do jogo, esse pedido não encontraria eco. Naquele instante, a melhor
jogada, era a de saborear a bendita pamonha. E olha que sobraram apenas as
palhas.
E
assim, com o bucho cheio, lá vai o time, pachorrento, pro campo de jogo. E que
jogo!!! Dominado amplamente pela equipe local e não era para menos. Não me
perguntem pelo placar. Só sei que perdemos feio. Exibição bisonha. Em termos de
resultado para nós, a pamonha acabou sendo maldita.
A
tática do Miguel, com o agrado das pamonhas, acabou dando resultado, que ele imaginava.
E ninguém apelou à justiça desportiva ou comum. Valeu mesmo foi pela
confraternização entre vencedores e perdedores, os pamonheiros. Foi uma linda
manhã de domingo que vai ser lembrada pela tática infalível do espertinho do Miguel
das Pamonhas, apelido que lhe coube perfeitamente ao final de toda essa
história.
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